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Autonomia – Como desenvolvê-la? Parte II

O caminho para o desenvolvimento da autonomia apresenta várias vertentes. São inúmeras variáveis ao longo do trajeto que interferem na aquisição de tão esperada habilidade. Sigamos confiantes, determinados e, principalmente, focados no propósito.

Foram apresentados três passos para o desenvolvimento da autonomia, no post anterior. Como quarto passo, podemos pensar na aprendizagem acadêmica. Esse é o aspecto mais enfatizado pelas famílias, mas onde elas se perdem. Talvez por delegar à escola a aprendizagem da criança e do jovem. Existe a preocupação com o resultado, mas não com o processo de ensino-aprendizagem, na maioria dos casos.

A orientação quanto ao processo para atingir o resultado esperado é mais importante que apenas cobrar o resultado. Oferecer o ambiente adequado, investir na escola e em atividades extras, comprar o material para o estudo não é o essencial e, tampouco, o suficiente. Ensinar as estratégias para atingir o objetivo se faz necessário. Sem um norte, perde-se tempo e gasta-se energia, pois a trajetória se faz incerta. Ensinar como deve ser feito. Caso não seja possível ensinar, talvez porque não sabe como fazê-lo, delegue a um profissional ou oriente o jovem a buscar possíveis estratégias que o direcionem em sua atuação acadêmica.

Gerenciar o próprio estudo e aprendizado é de total competência do jovem. Essa é a atividade sobre a qual ele é totalmente responsável. Por meio dessa responsabilidade, desenvolve-se a autonomia. Quando o estudante percebe que sua dedicação gera os frutos que ele deseja, inicia-se um forte sentimento de confiança em seu potencial, a autoestima é elevada e a segurança se instala. Além de abrir a possibilidade de aprender com os resultados não prazerosos. Para que exista a reflexão sobre os erros cometidos, é necessária a intervenção do adulto de referência – volta-se ao ponto do exemplo, da conversa franca, apontados no post anterior.

Quinto aspecto bastante importante é o reconhecimento por parte da família das atitudes exitosas e dedicadas do jovem. Reforçar positivamente cada atitude direcionada à autonomia, aos estudos, à organização da rotina, seja qual for o objetivo esperado pela família ou o propósito acordado com o jovem. Reconhecer que existe esmero e dedicação é importante para motivar. A motivação, mesmo sendo intrínseca, pode ser despertada pelo incentivo vindo de pessoas importantes.

O fato é que, independente do propósito ou da estratégia a ser adotada, é preciso que haja incentivo. A criança ou o adolescente sente-se motivado quando seus adultos de referência reconhecem as atitudes que estão sendo empreendidas para mudar um comportamento. Aqui, pode ser abordado o sexto aspecto para o desenvolvimento da autonomia, não criar expectativas para que os jovens as satisfaçam.

Notadamente, as famílias criam expectativas sobre a atuação das crianças e dos adolescentes com base em suas capacidades e não em relação às capacidades e possibilidades deles. Cada um tem a sua história, as suas limitações e potencialidades. Quando os adultos esperam que o jovem aja como eles mesmos agiriam, podem fazer emergir no outro a necessidade de não decepcionar. Muitas pessoas desenvolvem autocrítica e autocobrança exageradas em razão de sentirem-se na obrigação de suprirem as expectativas dos outros. Muitas vezes não conseguem suprir e se frustram. Desmerecem-se e desconsideram suas competências pessoais.

Ninguém pode dar algo que não se sinta capaz, no momento, de fazer. Respeitar o momento de cada pessoa é imprescindível para desenvolver nele a resiliência, a compreensão de que há caminhos e resultados diferentes e possíveis, que há graus de expectativas e que cada um dá aquilo que consegue fazer de melhor naquele dado momento. Respeito, penso ser a palavra-chave.

Portanto, a caminhada ruma à autonomia, sem dúvida, mas há atalhos, bifurcações e entraves. Os bloqueios devem ser transpostos, atalhos devem ser experimentados, assim é provável trilhar um caminho por vez nas bifurcações. Tudo dependerá de bom senso e do amor respeitoso que compreende quando a dedicação se mostra para fazer dela o trampolim para êxitos futuros.

Andréa Minafra

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