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Autonomia – Como desenvolvê-la? Parte I

As pessoas adoram técnicas, formas, direcionamentos precisos e certeiros, como se fosse possível haver uma bula de medicação onde todas as orientações estão descritas, bastando segui-las. Em alguns contextos isso é viável e dá certo, em outros, nem tanto.

O que é importante esclarecer é que haverá possibilidades para trilhar um caminho e atingir determinado objetivo. O que definirá se esse é o melhor caminho será o perfil de cada pessoa e o contexto no qual ela se encontra. Eis os filtros pelos quais qualquer decisão deve passar.

O fato é que o desenvolvimento da autonomia tem início na infância com a arrumação dos brinquedos, no auxílio aos pais nos afazeres domésticos, no cuidado com os objetos pessoais. A criança precisa aprender a cuidar de seus bens e espaços. As tarefas delegadas a elas devem ser, obviamente, compatíveis à faixa etária. Quando a criança se percebe atuante no seu meio, organizando os seus objetos, ela se apropria de um sentimento de validação. O adulto de referência permite a sua expressão e aprova a sua conduta, por exemplo, ao deixar determinado brinquedo ser guardado pela criança em uma caixa.

Ter espaços específicos para armazenar os brinquedos e outros objetos é importante para desenvolver a organização no repertório da criança, que, mais tarde, levará esse hábito para a sua vida, generalizando-o. Será o adolescente que guarda os materiais, estrutura a sua rotina e reconhece o valor daquilo que tem.

Situações simples podem ser criadas para que a criança confie em seu poder pessoal. Refiro-me à questão emocional que está intimamente ligada à formação da autonomia. Um indivíduo autônomo é mais seguro, independente e resolvido emocionalmente. Existe a probabilidade de se tornar uma pessoa mais inteligente emocionalmente por ter desenvolvido a autoconfiança e segurança desde cedo.

Nesse aspecto, a escola desempenha papel fundamental. Sabe-se que crianças que frequentaram creches tendem a ser mais seguras e autônomas, desenvolvendo a independência mais cedo. Em virtude da disputa de espaço, aprender a esperar e compreender que tudo tem o seu lugar e hora, existe a tendência de desenvolverem a inteligência emocional. Atenção, fala-se de probabilidade, mas é sabido que tudo dependerá dos estímulos que o bebê receberá na creche, dos profissionais envolvidos, da família entre outros.

O que deve ficar claro é que existem possibilidades de atuação eficazes no processo de formação da autonomia e independência na criança e no jovem.

Supondo que um adolescente não tem a autonomia desejada pela família, o que pode ser feito? Primeiro ponto, conversa aberta e sincera. O adolescente tem condições de dialogar abertamente com os adultos responsáveis. Precisa haver, para que o diálogo aconteça, a quebra do medo de perda de autoridade por parte dos adultos. Uma conversa franca abre possibilidades de ampliar vínculos, jamais de perder a autoridade. O adolescente reconhece a autoridade de seus pais/responsáveis – caso tenha sido mostrada a ele desde pequeno. O adolescente necessita dessa autoridade porque é o seu norte em meio a uma fase conturbada da vida, repleta de descobertas e de percepção do seu papel no mundo.

Segundo ponto, mostrar pelo exemplo. As palavras têm menos poder que o exemplo, quando se fala em educação. O que é visto impacta muito mais do que aquilo que é falado. Se existe o desejo de que o jovem seja responsável com suas atividades e horários, é preciso que o adulto mostre que cumpre com seus afazeres e horários. Seja o exemplo de leitor, se é desejado que o jovem desenvolva o hábito da leitura. Faça questão de mostrar pelo exemplo e pelas palavras, o que acredita ser necessário que o jovem faça e assimile em sua vida. Por exemplo, pegar um livro e dizer como é bom adquirir conhecimento e ter argumentos para conversar, contar situações em que experimentou-se o conhecimento adquirido nos estudos ou em uma leitura.

Terceiro, mas não menos importante, delegue e cobre. Dados os exemplos de conduta, o responsável pode delegar atividades e cobrar resultados, pois, se questionado, usará de seu próprio exemplo. Situações de fracasso pessoal também devem ser mostradas ao jovem. Aprende-se com exemplos de sucesso e de fracasso. É necessário saber analisar os erros para seguir adiante e não desistir, mas persistir.

Andréa Minafra

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